O FBI e o Departamento de Estado dos EUA mantiveram Natal, RN, sob vigilância durante a Segunda Guerra Mundial, focando na residência de Guglielmo Lettiere, onde ele operava como espião nazista – fascista.
Guglielmo Lettiere nasceu no dia 06 de maio de 1887 em Casaletto Spartano – Itália. Aos 16 anos de idade dirigiu-se com sua família a Recife, porém, escolheu estabelecer residência em Natal, cidade que se tornaria seu lar permanente.
Ele era um comerciante com vários negócios no Rio Grande do Norte, inclusive abriu a primeira fabrica de gelo de Natal. Mas ficou conhecido pelo seu empreendimento de maior sucesso a Trattoria Lettiere.
Sendo um líder da comunidade italiana local, nesta residência em 1928 recebeu os aviadores transatlânticos Arturo Ferrarin e Carlo Del Prette, e em 1931, o General Italo Balbo. Depois de uma missão aérea de 49 horas, partindo de Roma a Natal, Mussolini presenteou a cidade com uma Coluna Romana.
As Suásticas
No ano de 1938, ele foi designado como cônsul da Itália. Consequentemente, sua residência assumiu o papel de consulado em Natal. Inspirado profundamente pelo primeiro-ministro da Itália e líder do Partido Nacional Fascista, Benito Mussolini, assim como por Adolf Hitler, o Chanceler alemão, ele optou por incorporar um elemento notável em sua casa: no andar superior, o piso foi adornado com um mosaico de grande porte, formando uma suástica nazista. Paralelamente, o pavimento no salão inferior consistia em pequenos ladrilhos, também ostentando suásticas em seu desenho.
Guglielmo e Camara Cascudo
Guglielmo Lettiere e o estudioso de histórias populares Câmara Cascudo eram amigos próximos. Eles se davam bem porque tinham interesses parecidos. Os dois gostavam do regime nazi-fascista, que estava ficando mais forte na Europa nos anos 1930, assim como a população de Natal.
A amizade deles era muito intensa. Em uma das vezes que Cascudo foi visitar Lettiere, ele ganhou uma medalha chamada “Rei Humberto”, que era uma honraria bem importante do regime fascista.
Julgamento
Em 1939, Guglielmo recebeu um chamado do Consulado Italiano em Recife, com o qual ele tinha uma conexão forte. Ele enviava mensagens secretas por meio de telegramas para Recife. Isso continuou até 1941, quando a base dos Estados Unidos estava atenta aos movimentos do italiano através dos serviços secretos da Marinha e do FBI. Eles descobriram que ele estava repassando informações para o regime nazi-fascista. Guglielmo foi processado, admitiu a culpa durante o inquérito e até revelou o seu código secreto.
Em 25 de junho de 1942, Guglielmo foi julgado no Tribunal de Segurança Nacional e condenado a cumprir 14 anos de prisão. A acusação afirmava que ele estava repassando informações sobre a movimentação de hidroaviões e navios norte-americanos para o consulado italiano em Recife. Ele passou um pouco mais de dois anos preso no local que hoje é onde funciona a Escola Agrícola de Jundiaí, junto com outros presos políticos do Rio Grande do Norte. Enquanto esteve lá, o cônsul italiano recebeu um tratamento especial. Ele tinha uma cela diferente, uma casa simples no térreo, com uma empregada disponível, e havia galinhas soltas no quintal.
Liberdade
Com o fim da guerra em 1945 e consequentemente a saída da base dos Estados Unidos da capital, Guglielmo voltou para casa e viveu até 1958, ano em que faleceu devido a problemas cardíacos. Sua família vendeu a casa histórica para a Bolsa de Valores de Natal.
Informações Úteis
Endereço: R. Câmara Cascudo, 184 – Cidade Alta, Natal – RN, 59012-390
Coordenadas Geográficas: -5.778221118578468, -35.20554980013491
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