A Coluna Capitolina em Natal, Rio Grande do Norte, foi um presente do líder italiano Benito Mussolini.
Em 1928, os aviadores italianos Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin realizaram um feito incrível: a primeira travessia aérea do Atlântico Sul sem escalas, partindo de Roma, na Itália, e aterrissando em Natal, no Rio Grande do Norte, após mais de 49 horas de voo. Essa aventura épica, que cobriu mais de 7 mil quilômetros, marcou a história da aviação e aproximou os dois países.
A coluna, feita de mármore e medindo 5,80 metros de altura, foi instalada pela primeira vez em Natal em 8 de janeiro de 1931, inicialmente na Esplanada do Cais do Porto, no bairro da Ribeira. Desde então, o monumento foi deslocado várias vezes, passando pela Praça João Tibúrcio e pela Praça Carlos Gomes (no Baldo), até sua localização definitiva, desde os anos 1970, na Praça André de Albuquerque, em frente ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN).
Um Pouso Forçado e a Acolhida Calorosa em Touros
Após dias de viagem, na tarde de 5 de julho, o Savoia-Marchetti S-64 finalmente sobrevoou Natal. No entanto, as condições climáticas não eram favoráveis: fortes chuvas e pesadas nuvens cobriam a cidade, dificultando a visibilidade. Apesar de avistarem a capital natalense e a população acenando com lenços brancos, Ferrarin e Del Prete não conseguiram localizar o campo de pouso em Parnamirim.
Em busca de um local seguro para pousar, os aviadores seguiram em direção norte, sobrevoando as praias do litoral. Avistados por um fazendeiro na região de Genipabu, que prontamente reportou o fato às autoridades, os pilotos finalmente encontraram um lugar para pousar na cidade costeira de Touros.
Resgate em Touros e Homenagens em Natal
Enquanto isso, em Natal, as autoridades se mobilizavam para resgatar os pilotos, os aviadores estavam em Touros, hospedados pelo padre Manuel.
No dia seguinte, um avião Breguet XIV decolou de Parnamirim com destino a Touros para averiguar a situação. Uma picada foi aberta na areia para transportar a aeronave até a praia. O Savoia-Marchetti S-64 foi então colocado em uma balsa e rebocado até Natal.
De volta à capital natalense, Ferrarin e Del Prete foram recebidos como verdadeiros heróis. A população os aclamava nas ruas, e as autoridades lhes concederam o título de “Cidadão Natalense” em uma solenidade no Palácio do Governo. Hospedados no Palace Hotel, no bairro da Ribeira, os pilotos participaram de diversos eventos sociais, jantares e recepções, encantando a todos com seu cavalheirismo e simpatia.
Fama
A travessia do Atlântico realizada por Ferrarin e Del Prete teve repercussão mundial. O feito, que cobriu 7.158 km em 58 horas e 30 minutos de voo ininterrupto, a uma velocidade média de 175 km/h, foi noticiado em diversos países e rendeu aos pilotos reconhecimento internacional.
A Chegada Triunfal da Esquadrilha Italiana
Dois anos após a travessia de Ferrarin e Del Prete, em janeiro de 1931, uma esquadrilha de hidroaviões italianos liderada pelo General Italo Balbo cruzou o Atlântico Sul, trazendo em seu porão a Coluna Capitolina. A chegada da esquadrilha a Natal foi um evento memorável, com a população ansiosa se aglomerando nas margens do Rio Potengi para acompanhar o espetáculo.
O General Balbo e seus oficiais foram recebidos com grande entusiasmo, com direito a buzinaços, acenos de chapéus e o repicar dos sinos da cidade.
A Inauguração da Coluna Capitolina
A Coluna Capitolina, com 5,80 metros de altura, foi inaugurada em 8 de janeiro de 1931, em uma cerimônia solene no bairro da Ribeira. Após uma missa campal em ação de graças, o General Balbo, em nome da Itália, ofereceu o monumento à cidade de Natal.
Em seu discurso, Balbo destacou a importância da travessia aérea de Ferrarin e Del Prete para a história da aviação e agradeceu a hospitalidade do povo natalense. O monumento, erguido em um pedestal com inscrições em italiano que narravam o feito dos aviadores, representava a gratidão italiana e a união entre Itália e Brasil.
A Coluna Capitolina: Um Presente com Segundas Intenções
Uma possível explicação para a doação da Coluna Capitolina seria a intenção da Itália de fortalecer sua influência no cenário da aviação internacional. Ao presentear Natal com um monumento histórico, o governo italiano buscava criar um ambiente favorável para a futura instalação de uma agência de aviação comercial italiana na cidade.
Natal, na década de 1930, já despontava como um importante ponto estratégico para a aviação mundial, recebendo voos de empresas francesas, alemãs, norte-americanas, etc. A presença italiana na cidade consolidaria sua posição nesse cenário competitivo, abrindo portas para novas rotas comerciais e a expansão da influência italiana no continente americano.
A instalação da agência italiana ocorreu apenas alguns anos após a doação da coluna.
Origem da Coluna Capitolina
Originalmente, essa coluna imponente fazia parte do Templo de Júpiter Capitolino, um dos mais importantes templos da Roma Antiga, localizado no Monte Capitolino. Construído em mármore cinza, o templo era dedicado à tríade de deuses romanos: Júpiter, Juno e Minerva.
Da Ribeira à Cidade Alta: As Mudanças de Endereço da Coluna
Após a inauguração, a Coluna Capitolina ocupou diferentes locais em Natal. Inicialmente instalada nas Rocas, próximo ao porto, foi transferida para a Praça João Maria, depois para a Praça Carlos Gomes, no Baldo, e finalmente para o Largo Vicente Lemos, em frente ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, na Cidade Alta, onde se encontra até hoje.
Ao longo dos anos, a coluna sofreu com atos de vandalismo e perseguição política. Em 1935, foi derrubada por manifestantes comunistas que a associavam ao regime fascista de Mussolini. As inscrições em seu pedestal foram destruídas e o monumento ficou escondido por um período, até ser reencontrado e reerguido.
Tombamento e Preservação da História
Em 1990, a Coluna Capitolina foi tombada como Patrimônio Histórico Estadual pelo decreto nº 11.168, garantindo sua preservação e reconhecimento como um importante símbolo da história de Natal.
Informações Úteis
Endereço: Rua da Conceição, 622 – Cidade Alta, Natal – RN, 59025-270
Coordenadas Geográficas: -5.785302294902666, -35.20862138666476
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